domingo, 30 de janeiro de 2011

 
Augusto Monterroso

En un lejano país existió hace muchos años una Oveja negra. Fue fusilada.
Un siglo después, el rebaño arrepentido le levantó una estatua ecuestre que quedó muy bien en el parque.
Así, en lo sucesivo, cada vez que aparecían ovejas negras eran rápidamente pasadas por las armas para que las futuras generaciones de ovejas comunes y corrientes pudieran ejercitarse también en la escultura.

sábado, 6 de março de 2010

ELEGIA

Tanto dolor se agrupa en mi costado,
que por doler me duele hasta el aliento.
Un manotazo duro, un golpe helado,
un hachazo invisible y homicida,
un empujón brutal te ha derribado.

Elegía – Miguel Hernandéz

Na primeira manhã de tua ausência pensei que iria enlouquecer. Havia uma verdadeira tempestade de areia no centro de Porto Alegre e, para conter meu egoísmo, protegi meus olhos adquirindo um par de óculos escuros. Comprei sapatos para conseguir andar. Claro que penso que Ver e Andar são nossa sucessão e partilha. Diante do deus maior, cultuado por tua devoção doida: o Senhor-Afeto.
Éramos marinheiros guiados somente por estrelas; bons adversários de toda hierarquia e dispostos a navegar em alto-mar. Para qualquer naufrágio a solução é repartir versos e sentimentos. Sempre celebramos nossa amizade em Público. Estamos juntos em tantos anos e fotos que não cabe esconder de ninguém esta tristeza. Tanto é assim que no dia anterior nos encontramos e desencontramos. Estivemos mais uma vez juntos para falar de alguma coisa imprescindível e controversa que só dois amigos, irmãos amorosos suportam falar e dizer sim ou não ou quem sabe – dos dois – qual o melhor caminho. Nunca esquecendo que o deus pagão dinheiro era mais do que escasso para organizar as travessias do dia-a-dia de nossas frágeis embarcações.
Quando completei quarenta anos e havíamos sofrido uma brutal derrota eleitoral nos encontramos aquela noite em alto-mar. No primeiro capítulo, logo depois da dedicatória – que é claro vou transcrever para que todos te vejam – está definido o seguinte: “Existe em grego uma espécie de sentença, um ditado que expressa um consenso: entre amigos, tudo é comum. Conhecemos bem a distinção grega entre o privado e o público: o privado é o que pertence a cada um propriamente, em sua singularidade, sua diferença; o público é o que deve ser posto em comum e igualmente repartido entre membros do grupo. A amizade aparenta-se a ambos os campos; ela liga e rege a ambos”. Escrito com caneta estás tu nas primeiras páginas do presente em forma de livro: “Camarada e compadre: O livro foi escolhido pelo número de páginas, pois um cara de 40 tem que receber um livro com mais de 500 páginas. Haja peso. Um forte e grande abraço..” Logo vem tua assinatura datada antes do capítulo titulado: “Tecer a Amizade”.
Andei nestes dias com rumo pela cidade. Passei propositalmente por várias ruas e bairros onde sempre há um pedaço de tua história...tua linhagem generosa. Teu perfil de Dom Quixote está desenhado por outro amigo teu. Sei que estás sem tua armadura no teu mistério de estar comigo falando com tanta Vida e com destreza em tuas mãos que trocam um par de lentes escuras por outras claras me silenciando pelo teu encanto para emendar qualquer história com nossa gargalhada.
Dizia o poeta republicano espanhol Miguel Hernández ao se referir a morte de Ramón Sije, aquele que fora seu grande maestro e iniciador na literatura algo que agora parafraseando seria: En su pueblo y el mío, se me ha muerto como del rayo Marco Amaral, con quien tanto quería”.
Nós continuamos e vamos estar sempre juntos. Queredores, para repartir Eduardo Galeano com aqueles que nos escutam. Foi por pura alegria que em um fim-de-semana na igreja Auxiliadora de Porto Alegre estivemos juntos para batizar com água e orações meu filho Stéfano, teu afilhado. Tenho na memória nitidamente tuas confidencias de Pai e todo teu amor imprescritível e sempre falado e escancarado e tantas vezes celebrado. Nada de silêncio agora. Teu amor e tua Amada Daniela são água e orações para conter toda minha dor ou outras vezes tua dor mais fina e terrível que de mim não escondias e que é própria de um homem digno e elegante vivendo sua honradez.
Nossas amadas e nossas amigas tua singular especialidade. Todas amadas e sempre amigas. É da interpretação do amor e da amizade que nasce nossa história. É por ti – repito – por tua elegância desmedida, honradez e compromisso com a Vida que conheci meu companheiro Flávio Koutzii e o Partido dos Trabalhadores. Minha homenagem é continuar militando na esquerda brasileira e contar sempre com teu legado de sensibilidade. Que ganhem as palavras e eu possa repetir todas as histórias do “velho que lia romances de amor”.

Marco Antônio Cunha do Amaral: um dos seus recados.

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Sent: Monday, April 10, 2006 8:30 AM
Subject: En: Manifestação de Solidariedade



PARA LER, DIVULGAR & DISCUTIR

Carta do cara que subiu na árvore que seria derrubada para construir um viaduto, um protesto ecologisata em plena ditadura.

>Na visão de um Cidadão Portoalegrense Honorário [1]
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>Exmo. Governador do Estado do Rio Grande de Sul
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>Dr. Germano Rigoto
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>Prezado Senhor
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>Acabo de receber em minha caixa de email, uma solicitação para manifestação de solidariedade às "camponesas que estariam sofrendo represálias em propósito da destruição de mudas de espécies florestais em um centro de pesquisas da Aracruz, no Rio Grande do Sul". Por um momento me vem à mente este Estado que me recebeu em julho de 1970, 36 anos atrás, quando, com meus dezessete anos passei a morar na cidade de Porto Alegre, primeiro como bancário, posteriormente como acadêmico dos cursos de engenharia elétrica e engenharia agronômica.
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>O contato que tive com a Cidade, com o Estado, com as suas populações, com a AGAPAN, Augusto Carneiro, o nosso saudoso Lutzemberguer, com os amigos e parentes que ainda tenho aí, foi extremamente importante em minha formação como cidadão de um mundo que cada vez mais nos exige posicionamentos. Vivemos uma geração onde o nosso olhar não pode deixar de ver na nossa história, no nosso passado, os ensinamentos e os aprendizados que o nosso tempo nos proporciona, assumindo posicionamentos e posturas que se apresentam no dia a dia, sem deixarmos de nos responsabilizarmos com o futuro.
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>Há exatamente 30 anos atrás deixei Porto Alegre, me transferindo para a cidade de Viçosa em Minas Gerais onde terminei meus estudos. Naquela época, em 1976, com o Brasil caminhando para o final de um período totalitário, um dos motivos da mudança era o medo que se tinha de possíveis represálias da ditadura militar que ameaçavam o então jovem Carlos Dayrell porque, naquele momento de nossa história, ações em defesa do meio ambiente que envolvessem processos sociais eram tidos como manifestações perigosas para o "status quo" vigente.
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>Há vinte e dois anos resido e trabalho no Norte de Minas Gerais, e tive a oportunidade de conhecer in loco os resultados da região ter sido "selecionada" para a expansão das monoculturas de eucalipto e pinus, o que aconteceu em duas oportunidades: no final dos anos 1970 até final dos anos 1980 e, a partir dos anos 2000 até o presente. Em menos de 15 anos um milhão de ha. de cerrado nativo foram rapidamente transformados em plantios monoculturais de eucalipto e pinus. A dinâmica deste processo, nos primeiros anos provocou euforia e trouxe esperanças a muitos. O que mais se apregoava naquele momento era a possibilidade da oferta de empregos, era a dinamização da economia que iria beneficiar a todos. Mas que vimos foi muito diferente: assistimos um processo de devastação em grande escala contra a rica biodiversidade dos cerrados, contra a economia local que ficou totalmente destroçada e dependente de decisões que eram tomadas ao sabor dos interesses dos grandes conglomerados agroindustrais, muitos deles com sede em capitais da Europa, da América do Norte ou do Japão. Nos pequenos municípios, onde viviam milhares de famílias de camponeses, em muitos casos há duzentos, trezentos anos, as terras se concentraram ainda mais, expulsando muitas vezes comunidades inteiras, que passaram a viver encurraladas nas grotas, povoados ou nas periferias das cidades. A mecanização advinda dos processos de inovação tecnológica rapidamente tomou conta dos postos de trabalho. Primeiro pelas motos-serra que substituíram cada uma o lugar de pelo menos dez trabalhadores machadeiros. Em seguida pelas máquinas que cortam, descascam e empilham e carregam os caminhões, cada uma delas substituindo o trabalho de 80 trabalhadores por turno. Quando uma destas máquinas chega trabalha em três turnos ininterruptos. Ou seja, em poucos anos apenas uma das máquinas ocuparam o lugar de pelo menos 2.400 empregos diretos. Isto sem falar que até mesmo os serviços de viveiros de mudas, de plantios das mudas no campo também estão sendo rapidamente mecanizados.
>
>Mas, os problemas não foram apenas estes. Um outro problema de grande magnitude também vem afetando a vida de todos nós, não apenas dos que vivem no entorno das áreas de expansão das monoculturas. É o problema relacionado com os recursos hídricos. Em todas as pequenas bacias hidrográficas onde os plantios monoculturais foram implantados observou-se um processo crescente de alteração do balanço hidrológico dos recursos hídricos superficiais e dos lençóis subterrâneos. Estudos pouco divulgados de pesquisadores idôneos demonstraram o déficit ocasionado pelo "decréscimo na recarga nas áreas de chapadas reflorestadas da ordem de 164 mm/ano a 230 mm/ano. Só para o senhor ter idéia da magnitude deste problema no Norte de Minas Gerais, no período de apenas um corte (ou seja, 7 anos em média), o comprometimento anual na recarga dos aqüíferos da região foram na ordem de 1.640.000.000 de m3 (um bilhão e seiscentos e quarenta milhões de metros cúbicos) de água.
>
> Tabela: Volume estimado de diminuição da recarga dos lençóis subterrâneos (m3/ano) provocados pela monocultura do eucalipto no Norte de Minas
> Diminuição da recarga - mm anuais considerando o índice de 164 mm/ano Volume
> m3/ano
> Área 1: 1 ha 1.640
> Área 2: 1.000 ha 1.640.000
> Área 3: 1.000.000 ha 1.640.000.000
>
>Fonte: Dayrell e Dangelis - 2006 [2]
>
>Este volume anual significa duas vezes ao equivalente armazenado pela maior barragem da região e que foi construída pela CODEVASF na década de 1970 nas cidades de Janaúba / Porteirinha – a Barragem do Bico da Pedra que tem capacidade total de armazenamento de 750.000.000 de m3 de água (setecentos e cinqüenta milhões de metros cúbicos de água).
>
>Senhor Governador, infelizmente os problemas não param por aí. Temos também outros que merecem uma reflexão mais acurada, como é o caso dos agrotóxicos. Anualmente toneladas de agrotóxicos são utilizadas pelas empresas reflorestadoras para controlarem a disseminação de pragas e doenças. Cupins, formigas, lagartas, doenças fúngicas, ervas consideradas invasoras são "controladas" com a aplicação de inseticidas, fungicidas, herbicidas, contaminando os solos, as águas, os trabalhadores e as populações humanas que vivem no seu entorno, além de provocarem sérios desequilíbrios nas cadeias ecológicas.
>
>Infelizmente Senhor Governador, todos estes fatos não são do passado. São fatos atuais, que se repetem em todos os recantos do nosso país onde os maciços monoculturais avançam estimulados pela atual política florestal brasileira. Em Minas Gerais milhares de hectares de terras públicas continuam nas mãos das empresas reflorestadoras, expropriando as populações nativas e degradando os recursos naturais. No Espírito Santo comunidades de indígenas e de quilombolas sofrem com os mesmos impactos, assim como no sul da Bahia as populações locais e os remanescentes da Mata Atlântica.
>
>Por tudo isso, precisamos procurar entender o ato das mulheres da Via Campesina quando elas são obrigadas a realizar "gestos extremos a fim de chamar a atenção da sociedade para o drama que vivem há muito tempo" [3] de milhares de comunidades camponesas do Norte de Minas, do Vale do Jequitinhonha, do Espírito Santo, do Sul da Bahia. Sociedades nativas que tiveram seus direitos sociais, econômicos, culturais e ambientais negados e que encetam lutas de resistência pela visibilização no sentido de serem reconhecidas como cidadãos e cidadãs brasileiros e também de verem respeitado o direito ao desenvolvimento de suas sociedades. Comunidades que convivem com um drama de extrema violência, mas que, quando aparece é de forma silenciosa, quase invisível, onde a grande mídia, salvo raras exceções, pouco destaque lhes são dados. Temos como exemplos muito recentes os ataques ocorridos nas Aldeias Tupiniquim e Guarani pela Aracruz Celulose, a degradação ambiental, ocupação de terras públicas e encurralamento das comunidades geraizeiras do Norte de Minas provocadas por empresas como a Gerdau, Italmagnésio, VM, Plantar, e dezenas de outras empresas do setor siderúrgico e de celulose, todos eles com a aquiescência do Governo do Estado de Minas Gerais e estimulados pela política florestal do governo federal.
>
>Este ato das Mulheres da Via Campesina Senhor Governador, ocorrido no mesmo Estado onde 31 anos atrás outro ato de três estudantes em cima de uma árvore chamou a atenção da sociedade para a importância de dar relevância para um crescente movimento ambientalista, deveria ser entendido por todos nós como um alerta sobre os riscos de uma opção desenvolvimentista que vêm comprometendo a possibilidade de um futuro de todos nós brasileiros, de todos nós cidadãos e viventes do mundo. Pedimos que suspenda de imediato a ação da Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Sul, comandada pelo delegado Rudimar de Freitas Rosales, contra estas mulheres e suas organizações sociais.
>
>Assim, ao contrário das represálias às Mulheres da Via Campesina, devemos sim, prestarmos a elas, a todas elas, as nossas homenagens por este ato de bravura, de coragem, de cidadania mundial que se equiparam às grandes lutas pacifistas e ou de desobediência civil como as encetadas por Gandhi, Martin Luther King Jr, Nelson Mandela, Betinho Duarte, Chico Mendes, Irmã Dorothy, pelas Mulheres da Praça de Maio, pelo MST, CPT e outros movimentos sócio-ambientalistas, de luta pela terra e reapropriação de territórios.
>
>
>Montes Claros, 27 de março de 2006
>
>Carlos Alberto Dayrell –
>Engenheiro agrônomo, ambientalista e pesquisador do CAA NM

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Que la tortilla se vuelva



Las palabras siempre escapan cuando hace treinta años que no hablamos español y escribimos muy poco. Pero la imaginación puede construir 100 puentes de soledad con otro país para acercar su gente. Esta es mi memoria de los setenta.  Sobre cielo tibio de azul verano un hombre que no es de cobre y tiene una linda mancha marrón por el brazo, canta;  sin límites formales, no acepta, en Rivera, fronteras. Como tú, ahora, hoy desea una inmensa patria grande.

Yo puedo recordarlo. Oigo la voz suave y armónica de mi padre; el niño que yo era sentado en su falda, escuchando versos que me quedarían grabados por toda la vida, después de oírlos solamente ese día. Vino el tiempo en que se quemaban discos, libros y muchos y muchos fueron asesinados. La hierba de los caminos la pisan los caminantes y a la mujer del obrero la pisan cuatro tunantes de esos que tienen dinero. Gracia Chile, gracias poetas chilenos por tener en mi alma este recuerdo. (GM)

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

NOTA SOBRE (EM BUSCA) BERNARD SHAW

(…) desconfio que o humorismo seja um gênero oral, uma graça súbita da conversação, não uma coisa escrita.

Frase de Jorge Luis Borges - Companhia das Letras - pág. 184

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Sarau - Nascimentos

 
Eduardito ayer - ocurre siempre los martes - lo invite a Stéfano (mi hijo de 11 años) y fuimos al “boliche Occidente” en donde, hace muchos años, hay un encuentro que lo llaman de “Sarau Eléctrico” con lectura de textos, cuentos, crónicas, poesía y un humor espontáneo, natural.

Un lugar raro, divertido y, para mi alegría, allí se comparte la palabra escrita sin ningún lujo o con apuestas de vender y comprar. Claro que en otro lugar y esa misma noche había una reunión sobre el futuro del PT. Elegí otro lugar para sentir el futuro.

Padre e hijo: era nuestra primera trasnochada con agua mineral sin gas y rodajas de limones con hielo. Lo mire a Stéfano cuando estábamos sentados y le dije con orgullo que “la mayor felicidad del Mundo, de un padre como yo, era salir con el hijo así como nosotros dos”. Él me respondió como un rayo: “Esa es la mayor felicidad del padre”. 

Fui hasta ese lugar a pie, sin coche, para volver a casa disfrutando del camino con Stéfano y oírlo repetir las cosas que le parecían mas divertidas en los textos que escuchamos. Fue ayer, por lo tanto, que empecé a contar cuantas noches faltan para que el bebé que tiene Silvia, mi compañera, y que ya sabemos es una niña y que se va llamar Helena* me permita contar esta historia de la mayor felicidad del Mundo.

* Helena Gonzáles Delgado también se llamaba mi abuela y, cuando le allanaron una madrugada la casa para encontrar a sus hijos comunistas, ella le dijo al oficial y a los soldados “que aunque fuera colorada no iba aceptar lecciones de cobardes”.